sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Derrapada nos boxes



Por Vinícius Ramos

Foi-se o tempo em que acordar cedo em pleno domingo era um “dever cívico” para nós brasileiros.O motivo?
Enchermos o nosso peito de orgulho e vibrarmos com as vitórias de heróis nacionais como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e principalmente Ayrton Senna.
Hoje as coisas estão diferentes.Não quero dizer que não tenhamos grandes nomes como Felipe Massa ou Rubens Barrichello, mas hoje as atenções estão voltadas mais para os boxes da categoria automobilística mais famosa do mundo do que para as pistas.
Após escândalos de espionagem industrial, orgias nazistas envolvendo o chefe da organização (isso mesmo!), surge mais um fato a ser adicionado no hall de absurdos da F1.
Em um furo dado pelo jornalista Reginaldo Leme da Rede Globo, foi descoberta a suspeita por parte da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) de que no GP da Cingapura em 2008, a escuderia francesa Renault teria ordenado através de seu chefe Flavio Briatore (que desde seu início na categoria esteve envolvido em escândalos) e do diretor de engenharia Pat Symonds para que um de seus pilotos, o brasileiro Nelsinho Piquet, batesse em uma curva para que assim entrasse o Safety Car (carro usado quando ocorrem batidas) e emparelhasse os pilotos, o que “cairia como uma luva” na estratégia da Renault que acabara de reabastecer o seu principal piloto Fernando Alonso, que disputava o título daquele ano, e assim quando a pista já estivesse livre ele levaria vantagem, já que ele havia feito o pit stop antes da batida e os outros pilotos teriam que fazer mais um após a saída do Safety Car.
Após a corrida, jornalistas já perguntavam sobre o acidente a Nelsinho, considerando o ocorrido muito suspeito, mas o piloto negava veementemente a intenção de bater. Nos dias de hoje, Nelsinho foi demitido e após o caso chocar o mundo automotivo, resolveu botar a boca no trombone e assumir o fato.A FIA já disse que não pretende punir os pilotos, mas uma punição severa deverá ocorrer para a Renault, Briatore e Symonds. Briatore, inclusive, já pediu demissão de seu cargo na Renault.
Agora, em um esporte em que giram bilhões de dólares e milhões de fãs, aonde foi parar a nossa gloriosa ética? Como seus aficionados seguidores vão querer acordar e investir seu tempo e dinheiro em algo que a cada dia perde mais e mais a credibilidade? Ah, a ética deve ter batido no muro durante uma curva fechada e esperará por muito tempo para que o Safety Car se retire e a corrida volte ao normal, e assim voltando a ser emocionante como antes...